quinta-feira, 22 de abril de 2010

Doce Algodão Doce


 Foto de Sërch

Mágica. Algodão doce só pode ser feito de mágica. E açúcar.

Quem é que nunca pensou em algodão doce ao olhar para as núvens? Algodão doce é feito de sonhos, devaneios, fios que ligam a alma à razão. Algodão doce é feito de amigos, de buzina e cores. Algodão doce surge como se houvesse matéria no nada e desaparece como se nada mais houvesse naquele momento.

Ele precisa ser compartilhado, de vez em quando espremido entre os dedos até virar uma folha de papel doce. Os dedos precisam ficar melados. Algum melado deve sobrar, esquecido, pronto para causar risos quando achado. Algodão doce não é algo, é lembrança.

Uma doce lembrança que guardo é de um passeio com uma grande amiga no Jockey. Ela veio de outra cidade e me deu a oportunidade de ser turista em plena São Paulo. Um dia fomos assistir um GP, ver cavalos lindos, pessoas de chapéu e fanáticos. Um mundo paralelo encantador. E nosso propósito naquele dia era fazer tudo diferente... comer todas as tranqueiras possíveis, como se fôssemos crianças fugidas dos pais. Duas arteiras natas, soltas em um mundo fantástico.

Quando já estávamos sem forças para comer mais, lembrei-me do algodão doce. Ele não ocupa espaço, ele é mágica que surge do nada e deve retornar ao nada. Ele não pode faltar! Saí em busca dos sonhos... Cheguei à carrocinha e pedi meu algodão doce, daqueles feitos na hora, soltinhos, brancos e deliciosos. Foi dada a largada. O barulho chatíssimo da máquina já nem era mais problema. Eu estava hipnotizada pelo movimento cadenciado daquela mulher com um enorme sorriso. Mas o sorriso foi sumindo... Sumindo... Sumindo... E meu estado de hipnose foi sendo quebrado pela aflição da mulher. "Puxa da tomada! Puxa da tomada!" - ela gritava enquanto o movimento deixava de ser gracioso. A máquina quebrou ligada! Justamente na minha vez!

Foi um alvoroço só. As pessoas olhavam, riam, apontavam. A mulher me entregou o algodão doce e pouco me importava e resto do mundo: eu estava com o maior algodão doce da história em minhas mãos. Eu era uma criança feliz. Eu agia como uma criança feliz. Eu não me importava com nada, a não ser com o controle do meu algodão doce, como uma criança feliz. E voltei para a arquibancada.

O alvoroço me seguiu. Os olhares me seguiam. Outros olhares foram atraídos por aquela grande núvem espetada em um palito. Quando baixei a núvem, pude ver os olhos arregalados de minha amiga. Ela estava sentada, imóvel, num estado quase catatônico me olhando surgir por de trás daquele algodão doce colossal. E então ela despencou no riso. "Só podia ser você! Só podia!"

Por isso, quando me perguntam como é feito o algodão doce, eu respondo. É mágica.

3 comentários:

  1. hahahaha

    Adorei a história :)


    Vou passar aqui mais vezes....

    Bjos

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  2. seu texto é doce como vc, querida! =*

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  3. Posso imaginar como foi cada detalhe dessa história cheia de surpresas...
    =.D Amo você

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